Abertura da Sepex 2024 tem palestra sobre educação ecopolítica antirracista
A docente Luciana Espíndola durante a palestra de abertura da Sepex 2024
“A pobreza tem cor no Brasil e isso impacta nos problemas ambientais. Percebemos que, nos desastres, o grupo social mais afetado é a população negra.” Assim destacou a professora Luciana Espíndola, do Cefet/RJ Uned Maria da Graça, durante a palestra “Buscando superar desafios civilizatórios para uma educação ecopolítica e antirracista”. A apresentação oficializou a abertura da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex) 2024, no dia 16 de outubro, no Auditório 1 da Unidade Maracanã.
Luciana iniciou a palestra abordando a exploração dos recursos naturais através do trabalho dos negros africanos escravizados, um processo histórico que remonta à colonização do Brasil e traz consequências até os dias de hoje. “A colonização desumanizou os povos negros e originários e, mesmo a partir da abolição, a sociedade negra, então liberta, já não tinha perspectivas. A pobreza da população negra no Brasil foi, portanto, historicamente produzida”, explicou a professora.
Ao relacionar a discussão com o tema da Sepex “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologia”, a palestrante falou sobre a importância de formar, atualmente, cidadãos ecopolíticos que sejam capazes de lidar com a emergência climática e de atuar na luta ambiental, incorporando as dimensões sociais, culturais e políticas do país. “Para isso, é preciso promover a lógica de uma educação ambiental crítica que, dentro de uma sociedade composta por 56% de pessoas negras, não pode deixar de ser também antirracista”, defendeu Luciana.
Para a palestrante, o Cefet/RJ já possui iniciativas que visam ao fortalecimento de uma educação preocupada em formar indivíduos ecopolíticos, mas é preciso avançar. “Nas diferentes unidades da instituição, há projetos de ensino, pesquisa e extensão pensados dentro dessa proposta. Mas não basta, hoje, na perspectiva da educação ambiental, fazermos apenas o trabalho local”, explicou Luciana.
A professora mencionou que, atualmente, na instituição, há oito Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABIs), além de projetos como o “Mulheres negras fazendo ciência” e a iniciativa Horta Escolar, coordenados por ela na Uned Maria da Graça. Lembrou também que há diversos projetos de sustentabilidade e de coleta seletiva, extremamente importantes, mas defendeu que é preciso criar, paralelamente, um trabalho de formação de cidadania no âmbito curricular, que passa pelas ementas das disciplinas e pelas políticas institucionais e de extensão.
Luciana também abordou a dificuldade de representação e reconhecimento das mulheres na ciência e na tecnologia, principalmente, se for feito o recorte racial. O contexto inspirou a criação de um calendário homenageando pesquisadoras negras com o perfil de 12 pesquisadoras da UFRJ e do Cefet/RJ. “Fizemos um evento em 2023, com a presença dessas cientistas, na Uned Maria da Graça, contando suas trajetórias. Foi um trabalho impactante e acolhedor do ponto de vista educacional, sociológico e científico”, disse Luciana.
O projeto “Mulheres negras fazendo ciência” tem, atualmente, 18 prêmios, sendo três nacionais. Em 2023, conquistou o 3º lugar na categoria “Manual do Mundo”, da 21ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE).
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Na cerimônia de abertura, estavam presentes (da esq. para a dir.): o diretor-geral, Mauricio Motta, a diretora de Gestão Estratégica, Célia Machado, a vice-diretora, Gisele Vieira, a diretora de Extensão, Renata Moura, a diretora de Ensino, Dayse Pastore, e a chefe do Departamento de Extensão e Assuntos Comunitários (DEAC), Alice Caggiano
Apresentação artístico-cultural “10 anos do Bandão do Cefet”, sob coordenação dos professores Daniela Spielmann e Bruno Repsold, durante o evento no Auditório 1
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