Encontro Institucional do Pibid-Cefet/Rj aponta a importância do Programa para a educação brasileira
Observar a sala de aula. Atuar junto ao aluno da educação básica. Conhecer a realidade escolar. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), tem proporcionado uma importante relação universidade-escola ao levar discentes de licenciatura a exercer atividades pedagógicas em escolas públicas, contribuindo assim para o aprendizado de estudantes da educação básica e fortalecendo a formação dos licenciandos.
Encontro Institucional do Pibid apresentou os resultados positivos no programa em Petrópolis e Nova Friburgo
Presente no Cefet/RJ desde 2010, o Pibid já ofereceu cerca de 450 bolsas nos cursos de Licenciatura em Física dos campi Petrópolis e Nova Friburgo. Além de possibilitar a formação crítica do ensino da Física, devido à presença constante dos bolsistas na escola, o Programa incentiva a permanência dos licenciandos na universidade: 80% dos formandos em Física do campus Petrópolis – e 72% em Nova Friburgo – foram bolsistas do Pibid.
Os dados foram apresentados no Encontro Institucional Pibid–Cefet/RJ: a relação universidade-escola no contexto do Pibid, realizado nos dias 1º e 2 de dezembro no campus Petrópolis. O evento reuniu professores, coordenadores (docentes das licenciaturas), supervisores (docentes das escolas públicas participantes) e bolsistas do Programa de ambos os campi, que participaram de diversas atividades com o objetivo de trocar experiências, estreitar laços e discutir a formação docente. O coordenador institucional do programa no Cefet/RJ, Glauco dos Santos Ferreira da Silva, apresentou os resultados do Pibid e destacou a importância do programa para o desenvolvimento do futuro professor. Glauco ressaltou, por exemplo, que os alunos do Cefet/RJ que conquistaram a nota máxima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), em 2014, eram quase todos bolsistas do Pibid.
Glauco dos Santos Ferreira Silva apresentou os últimos resultados do Pibid durante o Encontro
O presidente do Fórum Nacional dos Coordenadores Institucionais do Pibid (Forpibid), Nilson de Souza Cardoso, esteve presente no Encontro e enfatizou que o Programa vai além da formação, única e exclusivamente prática. “O Pibid envolve também pesquisa e extensão, o que repercute na produção acadêmica dos estudantes e dos professores. O Programa existe há quase 10 anos e vem nos apontando uma nova forma de pensar a licenciatura, uma nova forma de pensar a formação. O que é primordial nele para a educação, na formação de professores, é que ele coloca a profissão dentro da formação”, afirmou Nilson, que ministrou a palestra Pibid: presente e futuro na sexta-feira, dia 1º.
Marcos Corrêa, coordenador de subprojeto no campus Petrópolis, destacou que o Programa foca na formação do aluno da educação básica para poder formar o futuro professor, que ainda está na universidade: “a gente busca a melhoria da educação deste aluno para poder, em contrapartida, ter uma melhor formação do nosso licenciando”.
Pibid: atuação na escola e formação docente
“É nosso laboratório”, frisou Gabriela de Oliveira Rocha, bolsista do Programa que atua em um colégio estadual de Petrópolis. A universitária e seu grupo de subprojeto no campus Petrópolis observam o trabalho realizado pelo professor com a turma, tiram dúvidas dos alunos, os auxiliam nos exercícios de física passados em sala e ainda planejam cerca de uma aula por mês na escola – geralmente uma aula mais ilustrativa e lúdica, e menos tradicional. “Muitas pessoas não têm essa vivência enquanto estudante de licenciatura e logo que se formam, já começam a dar aula. E a gente está mexendo com vidas aqui. Essa experiência nos ajuda a melhorar com nossos erros e acertos”, destacou Gabriela.
Douglas, Miguel, Gabriela e Bruna, licenciandos do campus Petrópolis, atuam em colégio da rede estadual
Já a professora da rede estadual de Petrópolis e supervisora do Pibid Isaura Silvia Salgado de Siqueira ressaltou como o Programa motiva todos os atores envolvidos. Como supervisora, seu trabalho é de mediação entre escola e universidade. “A gente senta com o bolsista do Pibid, planeja uma aula na qual a gente procura casar diferentes metodologias, não só ir para o quadro e escrever. A gente passa uma aula com vídeo ou faz uma experiência, por exemplo. No caso da física, que é o bicho papão dos alunos, quando a gente põe na prática, eles começam a entender melhor e consequentemente passar a gostar mais. E o bolsista vai para a escola com vontade de aprender. E quando você tem vontade de aprender, você tem vontade de produzir e, claro, você vai tornar as aulas mais ricas”, salientou.
A supervisora Isaura Silvia faz reunião com bolsistas após apresentação de trabalhos de alunos de escola pública
Lucas Jardim, bolsista do Programa há dois anos no campus Nova Friburgo, destacou como o seu posicionamento perante aos alunos mudou e como hoje ele tem mais facilidade de expor suas ideias e de passar o conteúdo para eles. “O Pibid traz experiência porque eu saio do meu papel de aluno e entro na sala de aula com outro papel, com outra visão. Pra mim, tem contribuído muito porque eu estou ficando mais preparado para quando eu for entrar em sala de aula como professor. Principalmente, por ser a realidade da escola pública”, enfatizou.
“Eu acho que a escola pública, em relação à educação privada, tem vários pontos positivos e negativos. A questão de investimento é um ponto negativo. Imagina você entrar no contexto da escola pública sem experiência que o Pibid proporciona. Aí é um choque”, afirmou Ester Cristina Mello Guerra, bolsista no campus Petrópolis. “Trabalhar a realidade é essencial porque você começa a considerar que o fator sócio-histórico do aluno influencia na aprendizagem dele. Então, quando a gente vai fazendo a nossa pesquisa, a gente vai percebendo que esses fatores não são obstáculos, muito pelo contrário, são motivadores”, concluiu.
Lançado em 2007, o Pibid visa incentivar a carreira de magistério, especialmente nas áreas da educação básica com maior carência de professores. No ensino médio, foram contempladas, inicialmente, as disciplinas de Física, Química, Biologia e Matemática. Em 2009, o programa foi estendido a todas as disciplinas da educação básica. As bolsas 2017 estão em vigência até fevereiro de 2018.
Redes Sociais