Durante 21 dias, ativismo contra o racismo promoveu eventos no Cefet/RJ
O Cefet/RJ, em mais uma participação na campanha “21 dias de ativismo contra o racismo”, realizou uma série de atividades acadêmicas e artístico-culturais. No dia 20 de março, a parceria entre o Programa de Pós-graduação em Relações Étnico-raciais (PPRER) e a Coordenação de Língua Portuguesa (COLIP) promoveu o “Projeto Identidade – ícones populares representados por pessoas negras”. Cerca de 150 alunos do ensino médio e técnico estiveram presentes no Auditório 1 para debater sobre como combater o racismo e ouviram as palestras das pesquisadoras do PPRER Lucila Clemente e Carolina Angélica Netto.
Segundo a professora Márcia Cabral, da Coordenação de Língua Portuguesa, o Projeto Identidade apresenta “ícones populares representados por pessoas negras e é uma das formas de tentar dar destaque positivo ao corpo negro, uma vez que o coloca na posição de ícones importantes para a cultura brasileira e mundial”. Além disso, explica, o projeto pretende contribuir para o combate ao racismo, à medida que pretende “mudar o olhar sobre o negro, sempre marginalizado na mídia”. A Coordenação de Língua Portuguesa atuou na aproximação entre os idealizadores do evento e os membros do PPRER, que puderam aprofundar a discussão, por meio de análise e pesquisa de combate ao racismo.
O Projeto Identidade, idealizado por Noemia Oliveira e Orlando Caldeira, teve início em 2014, no Sesc Madureira, e, desde então, vem sendo exibido nos mais diversos locais. Heróis, princesas, musas e personalidades são apresentados sob uma nova identidade que possibilita a reflexão sobre o racismo. “Uma das funções primordiais do trabalho realizado pela COLIP é o de analisar os discursos presentes na sociedade, apontando de que maneira eles contribuem para reiterar preconceitos diversos, como o racismo”, afirma a professora Márcia Cabral. Para ela, “trazer o discurso acadêmico aos alunos do ensino médio e técnico é uma maneira de despertá-los para a pesquisa, considerando, especialmente, como as pesquisas em âmbito nacional podem contribuir para melhorar a vida da sociedade como um todo”.
Seminário
Os alunos do Programa de Pós-graduação em Relações Étnico-raciais (PPRER) do Cefet/RJ também se uniram à terceira edição da campanha “21 dias de ativismo contra o racismo” organizando o seminário “Intelectuais negros tecendo um cotidiano na luta contra o racismo”. Os estudantes de pós-graduação entendem que “o escopo da campanha vai totalmente ao encontro dos temas que pesquisamos, discutimos e publicamos no curso de pós-graduação e, dessa forma, poderemos nos aliar a essa iniciativa, a fim de debater, divulgar, problematizar e, sobretudo, buscar soluções para a desigualdade racial que encontramos estrutural e institucionalmente nos diversos campos”. Para eles, o seminário visa “o fortalecimento de ações que combatam o racismo e as diversas opressões existentes na nossa sociedade”.
O seminário teve início no dia 11 de março com a mesa de abertura composta pelos integrantes do Coletivo de Negrxs Azoilda Loretto, do Cefet/RJ. Além de palestras e mesas-redondas, o evento contou com exibição de filmes, atividades culturais e oficinas, como a “Estéticas Negras Libertárias”, realizada no dia 13 de março. No folder de divulgação do evento, os estudantes afirmam que “o racismo está impregnado na nossa sociedade, muito embora ainda exista a ideia de que vivemos em uma harmonia racial”. Para os pós-graduandos do PPRER, a realização do seminário – encerrado no dia 15 de março – visou “propiciar conscientização, troca de experiências e possibilidades de criação de pautas positivas a respeito do negro – e da garantia de direitos para esta parcela, que é a maioria da população brasileira – para a comunidade acadêmica e a não acadêmica interessadas nos temas a serem apresentados”.
A programação completa do seminário pode ser lida em http://www.cefet-rj.br/attachments/article/4207/programacao_seminario.pdf.
Roda de conversa
No dia 19 de março, o Programa de Pós-graduação em Relações Étnico-raciais do Cefet/RJ promoveu uma roda de conversa sobre o livro Vértices: escritas negras. O evento teve como objetivo desenvolver diálogos sobre os recursos literários usados por cada um dos 21 autores do livro, abordando experiências e subjetividades de protagonistas que revelam identidades negras flagradas nos lares, universidades, botecos, transporte coletivo e outros cenários usados para dar visibilidade a antigas e novas questões relacionadas aos percursos da juventude negra.
O livro Vértices: escritas negras é uma antologia organizada por Moisés Guimarães e Simone Ricco em parceria com a editora Malê. O livro é o resultado de encontros, oficinas práticas e teóricas que ocuparam o Centro Cultural da Justiça Federal durante o primeiro semestre do ano passado. O projeto selecionou 30 jovens negros, entre muitos inscritos, interessados em participar da atividade criada para fomento de novas autorias negras. Dentre os participantes, 21 produziram narrativas individuais e colaborativas. A visibilidade negra é um ponto em comum nas narrativas, um vértice na obra composta por episódios em que o “pretagonismo” toma forma com traços de humor, ancestralidade e poesia, conforme aponta a organizadora e professora Simone Ricco.
Cinedebate e peças teatrais
No dia 13 de março, foi exibido o documentário “Relatos do front – fragmentos de uma tragédia brasileira”. Logo após a exibição do filme, o diretor Renato Martins mediou o debate em torno da questão da “guerra urbana diária” vivida pela população carioca. A exibição integra o Projeto Cinedebate “Uma sociedade que resolveu puxar o gatilho: segurança pública e relações raciais”, cuja proposta é apresentar uma discussão acerca de como o debate sobre violência urbana não pode desconsiderar o modo como o racismo estrutura as relações sociais e, historicamente, subjaz às políticas de segurança pública.
Já no dia 22 de março, os alunos do terceiro ano do ensino médio e técnico integrado do Cefet/RJ campus Maracanã apresentaram uma sequência de encenações teatrais. As peças teatrais foram concebidas a partir das aulas de História sobre a entrada do determinismo racial e o processo de branqueamento no início da Primeira República. Sob a orientação do professor Mário Luiz de Souza, os estudantes abordam temas da atualidade, buscando estabelecer uma relação entre o passado e o presente. Após a apresentação das peças teatrais, foram realizados debates sobre a produção desses textos durante as aulas de História e a importância do processo pedagógico na luta contra o racismo.
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