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Diálogos fluminenses: mesas-redondas debatem crise institucional e regionalização do RJ

Publicado: Quarta, 27 de Novembro de 2024, 18h51 | Última atualização em Quarta, 27 de Novembro de 2024, 18h56 | Acessos: 201

Da esq. para a dir., José Gomes Temporão (ex-ministro da Saúde); Mauro Osório (UFRJ); Otávio Guedes (mediador); José Cassiolato (UFRJ) e Juliana Benício (IFRJ)

Nesta terça-feira (26), o Auditório 5 da Unidade Maracanã foi sede das duas primeiras mesas-redondas da série “Díalogos fluminenses”. Na ocasião, foram abordadas a crise institucional e a regionalização do estado. O evento é organizado pelo Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino do Estado do Rio de Janeiro (Friperj) e integra o I Seminário de Estudos sobre o Estado do Rio de Janeiro (I SEERJ) e III Seminário de Economia Fluminense (III SEF). A abertura foi realizada pelo diretor-geral do Cefet/RJ, Mauricio Motta.

Crise institucional do estado

Com o objetivo de propor reflexões sobre alternativas para tirar o Rio de Janeiro da crise institucional que atinge o estado há anos, a primeira mesa-redonda teve como participantes o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, os professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mauro Osório e José Cassiolato, e a professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) Juliana Benício. A mesa-redonda foi mediada pelo jornalista Otávio Guedes.

Em sua fala, Osório destacou que o Rio de Janeiro, historicamente, foi penalizado pela perda da capital federal, sem a devida compensação. O pesquisador trouxe dados que indicam que o estado é recordista no país em perda de Produto Interno Bruto (PIB), nos últimos 40 anos, além de ser líder nacional em índices de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos. Para ele, a resolução de problemas como esses passa pela integração de atividades que tenham sinergia entre si, especialmente em áreas em que o estado tem grande potencial, como saúde e energia, além de valorizar o conhecimento oriundo das instituições de ensino.

Cassiolato seguiu a mesma linha de raciocínio e destacou a importância de utilizar a tradição de infraestrutura das universidades que, segundo ele, é “mal aproveitada”. O docente destacou ainda a importância dos processos de digitalização, desde que sejam voltados para os interesses da sociedade e não para o das grandes empresas estrangeiras. “Em vez de perseguir a cadeia global de valor, devemos olhar para dentro. A grande resposta da perversidade da globalização é dada no território”, disse ele ao expressar a necessidade de se pensar formas institucionais que garantam que o conhecimento produzido nas universidades não se perca na vida real e dura estabelecida pelo capitalismo.

Já o ex-ministro Temporão se debruçou sobre um dos temas mais delicados do estado: a crise na saúde. Segundo ele, essa crise vem ocorrendo desde a perda de importância do Hospital dos Servidores, o fim do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência (Inamps) e se intensificou a partir de 2016, com o desinvestimento e o loteamento da rede, com a denúncia de participação de grupos criminosos na gestão dos equipamentos de saúde, além do esvaziamento do corpo técnico e as pressões político-partidárias. Temporão reforçou que a solução para a saúde parte de uma gestão compartilhada entre os poderes, mas a fragilidade atual do estado impede que isso ocorra.

Por fim, a docente Juliana Benício trouxe dados alarmantes que mostram a disparidade entre arrecadação e dívida pública – o RJ é apenas o 15º do país que mais arrecada e o 2º com maior dívida. Para ela, essa crise precisa ser vista de forma ampla. “Não é uma crise setorial e sim institucional. É preciso estabelecer caminhos para o estado que sejam norteados por três princípios: legalidade, ciência e eficiência. Só assim é possível que se estabeleça um ciclo de desenvolvimento sustentável para o Rio de Janeiro”, finalizou a docente.

Potências e desafios regionais

A segunda mesa-redonda do dia teve como tema “O estado do Rio de Janeiro e suas regiões”, com participação do geógrafo e docente da UFRJ Cláudio Egler, do geógrafo e docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Floriano Godinho, e do economista e docente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Israel Marcelino. A mediação foi da professora da UFRRJ, Maria Viviana de Freitas.

Da esq. para a dir., Floriano Godinho (Uerj); Maria Viviana de Freitas (mediadora); Israel Marcelino (UFRRJ) e Cláudio Egler (UFRJ)

Em sua fala, Godinho destacou a importância de se refletir sobre as estratégias de conectividade e integração dos territórios do estado, a partir de investimentos nas redes técnicas de transportes e logísticas, que promovam aproximação das forças produtivas, maior circulação de mercadorias e pessoas, além da redução de tempo. O docente citou como exemplo o município de Itaperuna, na região noroeste do estado, que já é de difícil acesso para o morador, ainda mais para um potencial empresário ou investidor. “É preciso produzir mecanismos de integração e não de isolamento. Há muitos estudos em andamento, mas a execução desses planos no estado é zero, muitas vezes por falta de investimento e interesse público”, afirmou o professor.

Egler, por sua vez, destacou que a regionalização do Rio de Janeiro está engessada e precisa ser revista, devendo-se considerar não só o zoneamento econômico, mas também o ecológico. Segundo ele, o índice de primazia é muito elevado, a capital funciona como um território-mãe para outras regiões do estado, o que torna isso um desafio a ser superado. Marcelino seguiu a mesma linha ao abordar a concentração massiva da região metropolitana, que reúne, aproximadamente, 75% do PIB e dos empregos do estado, ofuscando o interior. “É preciso pensar outros caminhos para se criar centralidades e novas regiões produtivas no estado do Rio de Janeiro”, concluiu.

O seminário prosseguiu no período da tarde com sessões temáticas sobre variados assuntos, como configuração territorial, cultura, mobilidade urbana e estrutura produtiva. O evento acontece entre os dias 25 e 27 de novembro, no Cefet/RJ Unidade Maracanã. Veja a programação completa.

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